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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O Museu da Inocência, o começo de tudo...

    Othan Pamuk é um escritor turco, que me tem como leitora. Primeiro foi o Castelo Branco. Depois, Istambul:memória e cidade. Por fim, O Museu da Inocência. E o que aconteceu? Lá fui eu parar em Istambul! A partir dos personagens, fiz as minhas próprias memórias...e planejei o encontro e o mergulho nesta e em outras histórias. Assim, Istambul era o ponto de partida e também de chegada!
    Resumidamente, o romance O Museu da Inocência articula o impasse vivido pela Turquia nos anos 70 do século XX - e que ainda se coloca nos dias de hoje - dividida entre impulsos ocidentalizantes e tradicionais. Kemal, ali pelos seus 30 anos de idade e de familia rica de Istambul,  está prestes a casar com Sibel, mulher refinada e inteligente; um casal moderno. Tudo parece está em seu devido lugar até Kemal reencontrar Füsun; uma prima de 18 anos, que trabalha numa boutique e com a qual passará ter encontros frequentes, sem pensar em abandonar o casamento com a esposa perfeita perante à sociedade turca. A partir dos encontros e desencontros, desilusão e obsessão amorosa, embate entre Ocidente e Oriente, tradição e modernidade, Pamuk delineia o panorama social e cultural da Turquia naquela primavera de 1975. O narrador, que conta a história a partir do presente, vai organizando um melancólico museu de objetos, que acaba sendo o mundo em miniatura dos dramas sociais da época e das relações amorosas. 
     Ao mesmo tempo que escrevia o romance, o autor colecionava os objetos que descrevia no livro. Assim, em 2012 o autor inaugura em Istambul o espaço que reúne 86 vitrines (1 para cada capítulo do livro)expondo tais objetos: o Museu da Inocência!
    A visita ao museu foi como uma visita a ilustres conhecidos. Como foi bom revisitar aquilo que estava quase como um segredo em minha memória. Era como se agora fosse possível revelar toda a trama, estava tudo ali...diante dos meus olhos e de quem mais quisesse saber. Cada objeto: o vestido de Fusen, o brinco...o sapato...o quarto...tudo recriava o romance e, ao mesmo tempo, nos revelava Istambul daquele tempo. Assim, arrisco dizer que este singular museu funciona como um museu da cidade, de Istambul...de seus personagens ficticios e, ao mesmo tempo, reais. E não é essa a função de um museu? 
    Só posso dizer que foi um encontro maravilhoso com Kemal, Sibel e Füsun e que só me fez ainda mais mergulhar na Istambul de 2015. 
    Para aqueles que têm o livro e pretendem conhecer este museu, leve o seu livro com você. Lá você terá uma surpresa e vai gostar, podes crer!
    Ficou curioso? Lá vai um poquinho desse universo para que você possa  construir a sua própria história...boa viagem!

Croqui do autor para a vitrine que contem o vestido de Fusen


Cada objeto nos remete para a memória afetiva que temos dos personagens...nos relembram o quanto rimos e também o quanto ficamos apreensivos com as situações que eles nos colocaram...Será o papel do romance diferente do papel do museu? Que caminhos são esses que se cruzam? O culto ao objeto nos traz pistas...



    Bom, essa coleção de relógios abaixo não está aí por acaso...Refere-se a uma distinção entre "tempo" e "presente" que pontua a felicidade de Kemal ao lado de Fusen...O tempo é a linha que liga os vários momentos singulares que chamamos de presente...
     Taí, curti esse tempo me misturando aos personagens e fazendo de Istambul a minha Istambul. Obrigada Kemal, Fusen e Sibel!



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